sábado, junho 26, 2010

Um povo atrás de pão e circo


O antigo Império Romano teve períodos de altos e baixos. Enquanto seus exércitos passavam como um rolo compressor, subjugando continentes, um problema muito sério se desenvolvia no seio de Roma: o desemprego. Isso ocorria principalmente com a presença dos povos escravizados que eram submetidos a trabalhos forçados o que comprometia  o emprego e sustento dos camponeses mais humildes. Boa parte deles ia parar nas grandes cidades atrás de uma melhor qualidade de vida. Roma, por exemplo, foi invadida por tantos desempregados que temendo um levante contra si, o imperador instituiu uma política que ficou conhecida como “Pão e Circo”.
As autoridades romanas entendiam que se o povo tivesse o suficiente para não morrer de fome e algum entretenimento, estariam controlados. E não é que deu certo! Grandes teatros e arenas (como o Coliseu) foram construídos e durante os sangrentos espetáculos, pão era jogado para toda a platéia.
Jesus mostrou ao povo a maneira correta de se relacionar com Deus. Todo aquele que quer praticar a verdadeira religião tem que ouvir as suas palavras. A grande multidão que acabara de presenciar a multiplicação dos pães e dos peixes, após ouvir o discurso de Jesus, se resumiu a apenas doze pessoas: os apóstolos. Parece que as palavras de Jesus não fizeram muito sucesso naquela época segundo alguns padrões modernos.
O povo daquela época talvez fosse mais sofrido ainda do que o do presente. A maioria dos trabalhadores ganhava o mínimo para não morrer de fome e não existiam direitos trabalhistas, nem dias de descanso ou férias. Jesus sabia de todas essas coisas e por isso, citou o esforço realizado por eles como sendo uma boa base daquilo que se deve fazer “…Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará;” (Jo 6.27).
Com isso Jesus não desprezou o engajamento do crente nesta vida, quer no trabalho, estudo ou demais afazeres. Jesus estava estabelecendo prioridades para a vida. Os bens materiais têm o seu lugar, pois Deus sabe do que necessitamos. Paulo escreveu: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez;” (Fp 4.11-12).
Enquanto cresce por aí, o número daqueles que enfatizam as riquezas como prova da bênção de Deus, Jesus procurou ressaltar o maior de todos os tesouros, o Reino dos céus. Para mostrar seu valor, ele o comparou a um homem que achou uma pérola de grande valor e vendeu todas as que possuía para adquiri-la (Mt 13.45-46). O Reino de Deus é a comida “que subsiste para a vida eterna”. Esta é a prioridade do cristão. “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; (Mt 6.19-20).
 “Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar as obras de Deus? Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado” (Jo 6.28-29).
Quando Jesus os confrontou sobre a necessidade de terem o Pão da Vida enviado por Deus e não o pão que perece, a multidão já meio incomodada o inquiriu sobre como poderiam realizar as obras de Deus.
Faz parte da natureza humana uma disposição interior de acreditar em algum deus. Embora isso estivesse perfeito em Adão, com a queda também foi distorcido. O ser humano sente a necessidade de adorar alguma coisa, mas sozinho não consegue enxergar o verdadeiro Deus. Jesus mostrou ao povo que apesar de serem muito religiosos ainda não haviam acertado o alvo da verdadeira religião ou da verdadeira adoração ao Pai. Por isso precisavam dele. Jesus era o Pão que havia descido do céu para ser definitivamente alimento para o povo separado de Deus.
Algumas lições devem ser extraídas dessa idéia. Jesus, em última análise, ensinou que a fé verdadeira estava ligada à dependência (Jo 15.5) e intimidade (Jo 10.1-18) e não a milagres ou riquezas.
A própria conclusão “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.” (Mt 22.14) comprova o exposto. Enquanto Jesus fez maravilhas como a multiplicação dos pães, a multidão o seguiu e até mesmo tentou proclamá-lo rei. Quando mostrou seu pecado e o caminho da vida eterna, murmuraram (41), consideraram seu discurso muito duro (60) e a grande maioria o abandonou (66).
De uma numerosa multidão (2) sobraram apenas doze (67). Aqueles doze ficaram porque tinham uma motivação diferente: “…só tu tens as palavras de vida eterna” – disse Pedro. Isso é fé verdadeira e o único cimento que de fato prende o crente a Deus.
Considere sobre as razões de você seguir a Deus. Estão ligadas prioritariamente à vida eterna? Ou será que seus motivos estão mais ligados aos da numerosa multidão que aparentemente seguia a Jesus? Você tem vivido das Palavras de Vida Eterna ou você tem se contentado simplesmente com Pão e Circo?

2 comentários:

Clara Camargo disse...

Oi Pastor...
vim aqui passar o endereço do meu blog... http://abuscadeclara.blogspot.com/
Muito obrigada pela aula e por toda ajuda!
Bjs
Clara*

Anônimo disse...

bom,esta reflexão e muito importante pois nos abre os olhos respeito da nossa veradeira motivação em ser um cristão que realmente quer seguir a cristo não apenas por necessidade, mais sim por amor e gratidão.

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